Flagrei
uma família em Buenos Aires, na Rua Florida, cantando uma canção muito bonita
do poeta uruguaio Mario Benedetti. Abaixo segue a letra traduzida. Adaptei
alguns versos para facilitar o entendimento.
POR QUÉ
CANTAMOS
(Mario Benedetti)
Se cada hora vem com sua morte
Se o tempo é um covil de ladrões
Os ares já não são tão bons ares
E a vida é nada mais que um alvo móvel
Você perguntará por que cantamos
Se os nossos irmãos ficaram sem abraços
A pátria quase morta de tristeza
E o coração do homem foi quebrado
Antes mesmo de explodir toda a vergonha
Você perguntará por que cantamos
Cantamos porque o rio esta soando
E quando o rio soa, soa o rio...
Cantamos porque o cruel já não tem nome
Embora tenha um só nome o seu destino
Cantamos pelas crianças e pelo todo
E por algum futuro e pelo povo
Cantamos porque os sobreviventes
E nossos mortos querem que cantemos
Se voamos longe... Mirando horizontes...
E não cresceram as árvores sonhadas
Se cada noite é sempre uma ausência
E cada despertar um desencontro
Você perguntará por que cantamos
Cantamos porque chove sobre as frestas
E somos militantes desta vida
E porque não podemos, nem queremos
Deixar que a canção se torne cinza
Cantamos porque os gritos não são suficientes
Como já não são as lágrimas, nem a raiva
Cantamos porque cremos nessa gente
E porque venceremos a derrota
Cantamos porque o sol nos reconhece
E porque o campo cheira a primavera
E porque neste caule e naquele fruto
Cada pergunta tem a sua resposta.
Se o tempo é um covil de ladrões
Os ares já não são tão bons ares
E a vida é nada mais que um alvo móvel
Você perguntará por que cantamos
A pátria quase morta de tristeza
E o coração do homem foi quebrado
Antes mesmo de explodir toda a vergonha
E quando o rio soa, soa o rio...
Cantamos porque o cruel já não tem nome
Embora tenha um só nome o seu destino
Cantamos pelas crianças e pelo todo
E por algum futuro e pelo povo
Cantamos porque os sobreviventes
E nossos mortos querem que cantemos
E não cresceram as árvores sonhadas
Se cada noite é sempre uma ausência
E cada despertar um desencontro
E somos militantes desta vida
E porque não podemos, nem queremos
Deixar que a canção se torne cinza
Cantamos porque cremos nessa gente
E porque venceremos a derrota
Cantamos porque o sol nos reconhece
E porque o campo cheira a primavera
E porque neste caule e naquele fruto
Cada pergunta tem a sua resposta.
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